Enquanto o Conselho das Finanças Públicas (CFP) alerta para os efeitos negativos já sentidos no setor produtivo, alguns líderes empresariais adotam uma postura mais pragmática, considerando que o protecionismo pode, em certas circunstâncias, ser necessário. A presidente do CFP, Nazaré da Costa Cabral, foi clara ao afirmar que “o setor produtivo está já a sofrer os efeitos de alterações de tarifas”, apontando para as dificuldades de abastecimento e a reconfiguração da política comercial como riscos iminentes para a atividade económica e o emprego. Esta visão é partilhada pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), que, perante a “conjuntura internacional adversa”, considera “urgente reforçar políticas” de apoio à internacionalização para contrariar a tendência de queda do peso das exportações no PIB.
Por outro lado, António Belmar da Costa, presidente da Associação Portuguesa dos Agentes de Navegação (AGEPOR), oferece uma perspetiva diferente.
Embora reconheça as consequências a curto prazo, não acredita que as tarifas “vão ser o drama que toda a gente diz que vai ser” no médio prazo. O responsável defende mesmo que “é preciso haver alguma equidade nas tarifas”, argumentando que o modelo anterior, em que “os Estados Unidos eram um pouco a vaca leiteira do mundo”, também não era sustentável. Esta dualidade de perspetivas reflete a complexidade do debate: de um lado, a preocupação com os impactos imediatos na competitividade e no emprego; do outro, uma visão que contextualiza as medidas protecionistas como um reajuste nas relações comerciais globais.













