Antonio Filosa, diretor-executivo da Stellantis, acusou a Europa de ter “proibido tecnologias nas quais era líder e impôs uma única tecnologia — a elétrica — onde... os chineses estão vinte anos à frente”.

Segundo o gestor, a regulação europeia “estrangula” a indústria, ao impor um ritmo que “o cliente não quer, não precisa e não pode pagar”.

Esta visão é partilhada por José Couto, presidente da AFIA, que classifica a meta de 2035 como “inatingível” e alerta que a Europa está a perder terreno para a China e os EUA.

Em alternativa à criação de uma nova categoria de “carro do povo” elétrico, a Renault, pela voz do seu diretor-executivo François Provost, propõe uma abordagem diferente: congelar a introdução de novas regulamentações para os segmentos mais pequenos durante 10 a 15 anos, permitindo às marcas otimizar os modelos existentes e reduzir custos. O comissário europeu da Indústria, Stéphane Séjourné, reconheceu a ameaça, alertando que, se a UE não agir, a produção de carros na Europa poderá cair de 13 para 9 milhões de unidades em dez anos, com a quota de mercado a descer de 70% para 55% até 2035. A discussão reflete um conflito profundo entre as metas ambientais de Bruxelas e a realidade industrial de um setor que se sente pressionado pela concorrência global e por uma regulação que considera desajustada.