Este pacto é visto como uma manobra estratégica para diversificar mercados, reforçar laços com a América do Sul e mitigar a dependência de parceiros comerciais como os EUA.

O acordo, que abrange um mercado de mais de 700 milhões de pessoas, prevê a eliminação progressiva da maioria das tarifas aduaneiras. Estima-se que os países do Mercosul eliminem tributos sobre 91% das exportações da UE, enquanto a União Europeia fará o mesmo para 92% das exportações sul-americanas, gerando uma poupança anual de mais de 4 mil milhões de euros em direitos aduaneiros para as empresas europeias.

A instabilidade provocada pela guerra comercial com os Estados Unidos funcionou como um "catalisador político" para desbloquear o impasse nas negociações.

Para além das vantagens comerciais, o acordo reveste-se de particular importância estratégica no acesso a matérias-primas críticas, como os minerais raros existentes no Brasil e na Argentina, essenciais para as transições verde e digital da Europa.

A ratificação do acordo está a ser feita em duas fases para acelerar a sua implementação, com uma parte comercial de aprovação mais rápida a nível da UE. Este movimento insere-se numa estratégia mais ampla de Bruxelas para fortalecer a sua autonomia e capacidade de influência num cenário geopolítico cada vez mais polarizado, onde a criação de novas parcerias comerciais é fundamental.