O setor automóvel é o epicentro desta transformação, com os fabricantes europeus e norte-americanos a sentirem a pressão da concorrência chinesa, enquanto simultaneamente tentam reduzir a sua dependência de componentes fabricados no país.

O CEO da Ford, Jim Farley, alertou que os fabricantes chineses têm capacidade para "pôr-nos fora do mercado", elogiando a qualidade e a experiência digital de modelos como o Xiaomi SU7.

Esta perceção é partilhada na Europa, onde o presidente da Renault Espanha, Josep Maria Recasens, defendeu que as marcas chinesas que entram no mercado europeu deveriam ser obrigadas a trazer produção de valor acrescentado, tal como foi exigido às empresas europeias na China.

Em resposta, a União Europeia já endureceu as tarifas sobre veículos elétricos chineses.

No entanto, gigantes como a BYD continuam a sua expansão agressiva, planeando duplicar a sua rede de vendas na Europa até 2026 e instalar múltiplas fábricas no continente para contornar barreiras comerciais.

A dependência de componentes críticos é outra fonte de preocupação.

A crise da Nexperia, uma fabricante de semicondutores neerlandesa controlada pela chinesa Wingtech, expôs a vulnerabilidade da indústria automóvel europeia. O bloqueio temporário das exportações de chips pela China levou a paragens de produção e levou empresas como a Volkswagen e a BMW a criar equipas de crise. Em resposta, construtores como a Tesla e a General Motors estão a pressionar os seus fornecedores para eliminarem componentes de origem chinesa das suas cadeias de abastecimento, uma tarefa que, segundo especialistas, será "difícil durante décadas".