A privatização da TAP de 2015 voltou a estar sob escrutínio judicial, com a Polícia Judiciária (PJ) a realizar buscas na sede da companhia, no Grupo Barraqueiro e na Parpública. A "Operação Voo TP789" investiga suspeitas de crimes como administração danosa, participação económica em negócio e corrupção, relacionados com a venda de 61% da TAP ao consórcio Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa. As investigações, lideradas pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), centram-se na suspeita de que a capitalização da TAP foi feita com fundos da própria companhia, através de um complexo acordo com a Airbus. Este acordo envolvia a anulação de uma encomenda de aviões A350 e a compra de 53 novas aeronaves, com a Airbus a fornecer um financiamento de 226,75 milhões de dólares à DGN Corporation, de Neeleman, que foi posteriormente injetado na TAP.
Na sequência das buscas, o Ministério Público constituiu quatro arguidos: duas pessoas singulares, identificadas como Humberto Pedrosa e o seu filho David Pedrosa, e duas empresas.
Humberto Pedrosa reagiu afirmando estar "completamente tranquilo" e que "quem não deve, nada teme".
O Governo, através do ministro Miguel Pinto Luz — que era secretário de Estado na altura da privatização —, encarou as diligências "com normalidade", garantindo total colaboração com a justiça. As buscas ocorrem num momento crucial, dias antes do fim do prazo para a entrega de manifestações de interesse na nova privatização parcial da TAP, com a Air France-KLM a ter já formalizado a sua candidatura.
Em resumoA reabertura da investigação à privatização da TAP de 2015 lança uma sombra sobre o atual processo de venda da companhia. As suspeitas de irregularidades financeiras e a constituição de arguidos, incluindo figuras centrais do consórcio comprador, criam um clima de incerteza. Embora o Governo e os potenciais compradores procurem manter a normalidade, o escrutínio judicial de negócios passados poderá influenciar as avaliações e as condições da futura parceria estratégica para a transportadora aérea nacional.