A duplicação das tarifas e a redução das quotas isentas de taxas estão a deixar as empresas transformadoras “reféns” de matéria-prima mais cara, comprometendo a sua competitividade. A nova política da UE prevê a redução para quase metade dos limites de importação de aço isento de taxas e a duplicação da tarifa para 50% sobre o volume que exceda essa quota. A indústria portuguesa, que emprega mais de 250 mil pessoas e exporta cerca de 24 mil milhões de euros, acusa Bruxelas de proteger a siderurgia europeia à custa das empresas transformadoras.

Estas ficam obrigadas a comprar matéria-prima mais cara na Europa ou a pagar tarifas elevadas por importações mais baratas da Ásia, cujas quotas, segundo António Pedro Antunes, CEO da Metalogalva, “esgotam no primeiro trimestre”.

O resultado é uma perda de competitividade que pode levar à deslocalização da produção.

Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP, alerta para esta possibilidade: “Se fechar empresa em Portugal e abrir na Turquia ou Albânia, fora da Europa, não pago importações na matéria-prima e exporto para a Europa também sem tarifas”.

O ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, reconheceu que o setor atravessa um período “exigente”, mas afirmou que o Governo tem acompanhado a discussão com uma “posição de equilíbrio e prudência”. No entanto, os industriais, como Vítor Neves, presidente da AIMMAP, defendem que mais importante do que baixar o IRC seria criar “benefícios fiscais ao investimento” para modernizar o setor e enfrentar a concorrência.