As regras, que preveem uma redução drástica das quotas de importação isentas de taxas e a duplicação das tarifas, são vistas pelos industriais como um fator de deslocalização e perda de competitividade. A proposta da Comissão Europeia, que visa proteger a siderurgia europeia, prevê uma redução de 47% nas quotas de importação de aço isentas de taxas, com as importações fora desta quota a passarem a ser taxadas a 50%, o dobro da tarifa anterior. Para a indústria transformadora portuguesa, que emprega mais de 250 mil pessoas e exporta cerca de 24 mil milhões de euros, estas medidas deixam as empresas "reféns" da compra de matéria-prima europeia, que é mais cara. Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP, alertou para o risco de deslocalização, afirmando: "Se eu quiser importar a matéria-prima eu pago as tarifas, mas se fechar a empresa em Portugal e abrir na Turquia ou Albânia, fora da Europa, não pago importações na matéria-prima e exporto para a Europa também sem tarifas".
Esta visão é partilhada por outros líderes do setor, que acusam Bruxelas de criar desequilíbrios no mercado.
António Pedro Antunes, CEO da Metalogalva, declarou que "70% do nosso negócio está a ser posto em risco" e que, neste momento, "a Europa está a ser uma desvantagem".
O Governo português, através do ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, reconhece a importância estratégica da indústria siderúrgica, mas adota uma "posição de equilíbrio e prudência, não de passividade", procurando conciliar a proteção do setor com a necessidade de acesso a matérias-primas a preços competitivos.
Os industriais, contudo, temem que esta abordagem não seja suficiente para evitar "um dano de enorme dimensão" na economia nacional.














