Em resposta, a União Europeia negoceia uma redução destas barreiras, num diálogo complexo que envolve a regulação digital como moeda de troca. O setor metalúrgico e metalomecânico português, que representa um volume de negócios de quatro biliões de euros, manifestou grande preocupação com o impacto das tarifas de 25% sobre o aço, que criam uma forte imprevisibilidade na aquisição de matéria-prima.

Durante o evento “Aço, Quotas e Competitividade”, António Pedro Antunes, CEO da Metalogalva, descreveu a incerteza: “Não sabemos em que dia vai chegar [a matéria-prima aos portos].

Se chegar antes do fim do trimestre, ótimo; se não, pagamos 25% de tarifas”. Rafael Campos Pereira, da AIMMAP, instou o Governo português a “deixar-se de hesitações e tomar uma posição”.

Este cenário insere-se num acordo comercial mais vasto entre os EUA e a UE, que estabeleceu uma taxa geral de 15% para a maioria dos bens europeus, mas impôs tarifas mais pesadas, de 50%, ao aço e alumínio.

As negociações para aliviar estas taxas tornaram-se complexas, com Washington a usar a regulação digital europeia como moeda de troca.

O Secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick, sugeriu que a UE deveria considerar “uma abordagem equilibrada que funcione para nós” nas suas regras digitais para que os EUA baixassem as tarifas. Em contrapartida, Bruxelas apresentou uma lista de produtos que pretende isentar, incluindo setores estratégicos para Portugal como o vinho e o calçado.

O impacto destas políticas já se reflete nos resultados de empresas como a Altri e a Jaguar Land Rover, e levou a CUPRA a arquivar os seus planos de expansão para os EUA. Face a esta conjuntura, o ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, defendeu uma posição de “equilíbrio e de prudência, não de passividade” e sublinhou a necessidade de diversificar os mercados de exportação.