Este cenário está a forçar uma reconfiguração estratégica global, com as políticas tarifárias a funcionarem como um catalisador para a relocalização da produção. Para contornar as pesadas taxas de importação da União Europeia, que podem atingir 45,3% sobre os veículos fabricados na China, fabricantes como a GAC e a XPeng estão a estabelecer parcerias para produzir diretamente na Europa, como é o caso da colaboração com a Magna na Áustria.

Esta estratégia de produção local permite não só evitar as barreiras aduaneiras, mas também adaptar os veículos às exigências do mercado europeu e ganhar proximidade com o consumidor. Do outro lado do Atlântico, as tarifas de 15% impostas pelos EUA a veículos da UE levam marcas como a Cupra a excluir o mercado norte-americano dos seus planos de expansão.

A situação gera alertas ao mais alto nível, com o presidente da Stellantis, John Elkann, a avisar para o risco de um "declínio irreversível" da indústria europeia se não for adotado um enquadramento regulatório mais flexível. A indústria automóvel, que representa 13,8 milhões de postos de trabalho na UE, vê-se assim obrigada a repensar as suas cadeias de abastecimento e modelos de negócio, num jogo onde as tarifas definem cada vez mais quem produz, onde produz e para quem vende.