Este acordo, embora abrangente, mantém em aberto a negociação de isenções para setores estratégicos e não resolve a disputa sobre o aço e o alumínio.

O novo enquadramento comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos representa uma tentativa de desanuviar as tensões que marcaram as relações transatlânticas, estabelecendo uma taxa aduaneira única de 15% para a maioria dos bens europeus, incluindo setores vitais como o automóvel, farmacêutico e de semicondutores.

A medida procura criar um teto claro para os direitos aduaneiros, oferecendo maior previsibilidade às empresas exportadoras.

Contudo, o acordo não é uma liberalização total do comércio, mas sim uma gestão controlada das barreiras comerciais.

Como contrapartida, a UE comprometeu-se a realizar compras significativas de energia norte-americana, nomeadamente gás natural liquefeito (GNL) e combustível nuclear, num montante que poderá atingir 750 mil milhões de dólares até 2028. Maroš Šefčovič, comissário europeu, destacou que a UE está a cumprir a sua parte, referindo que as compras estratégicas de energia já atingiram 200 mil milhões de dólares este ano e que a quota de GNL dos EUA nas importações europeias subiu de 45% para 60%. Esta componente energética do acordo reflete a reconfiguração geopolítica após a invasão da Ucrânia pela Rússia, que levou a Europa a diversificar as suas fontes de energia e a reforçar os laços com os EUA. Apesar do esforço para estabilizar o comércio, o acordo mantém áreas de atrito, nomeadamente as tarifas sobre o aço e o alumínio, que permanecem a 50%, e a lista de isenções, que Bruxelas considera insuficiente.