O Banco Central Europeu (BCE) e a agência de notação DBRS alertaram para os riscos que as políticas comerciais protecionistas e as tarifas representam para a estabilidade financeira na zona euro. A incerteza em torno dos acordos comerciais e os efeitos a longo prazo das fricções comerciais são vistos como potenciais fontes de instabilidade para os mercados e para o setor bancário. No seu Relatório de Estabilidade Financeira, o BCE sublinhou que os mercados financeiros são vulneráveis a "ajustamentos bruscos de preços" e que a incerteza sobre a política comercial prejudica a estabilidade. O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, afirmou que, embora a incerteza tenha diminuído desde os picos de abril, esta "continua a persistir, com potencial para novos picos".
O relatório identifica a exposição dos bancos europeus a setores sensíveis às tarifas, como a indústria transformadora, como uma das três principais fontes de vulnerabilidade. A valorização do euro face ao dólar e o aumento das exportações chinesas ampliam o impacto negativo das tarifas sobre os exportadores europeus.
A DBRS partilha desta visão, afirmando numa análise que "o protecionismo comercial proveniente dos EUA pode evoluir e, por fim, estabilizar-se em taxas tarifárias médias mais altas".
A agência de notação mantém uma perspetiva neutra para as dívidas soberanas, mas aponta para "riscos elevados de recessão" em 2026, em parte devido às tensões comerciais e geopolíticas.
Ambas as instituições consideram que um agravamento das guerras comerciais poderia levar a um aumento do crédito malparado nos bancos e a uma reavaliação do risco soberano, com potenciais repercussões em toda a economia da zona euro.
Em resumoTanto o BCE como a agência DBRS identificam as políticas tarifárias e o protecionismo comercial como ameaças significativas à estabilidade financeira europeia. A exposição dos bancos a setores vulneráveis e a incerteza económica geral são as principais preocupações, podendo levar a um aumento do risco de crédito e a uma recessão.