A situação teve origem num diferendo entre a Nexperia, de propriedade chinesa, e o Governo neerlandês, que interveio na empresa por receio de que o seu diretor pudesse comprometer o abastecimento de semicondutores na Europa.

Este episódio ilustra como as tensões geopolíticas e as políticas comerciais podem ter um impacto direto e imediato na produção industrial e no emprego.

A Bosch de Braga, apesar de retomar a produção, mantém-se cautelosa. A empresa afirmou em comunicado que, "dependendo da situação geral de escassez de componentes e da evolução da política comercial", não pode "excluir, em princípio, futuras interrupções de produção ou ajustes nos horários de trabalho". A multinacional alemã acrescentou que está a acompanhar "muito de perto" a evolução da política comercial e que regista "os primeiros passos rumo a um diálogo político entre as partes envolvidas", mantendo a "esperança numa solução duradoura".

A situação na Bosch de Braga serve como um caso de estudo sobre a vulnerabilidade das cadeias de abastecimento globais a disputas comerciais e políticas, onde as decisões tomadas a nível governamental podem paralisar fábricas a milhares de quilómetros de distância.