Esta disputa reflete as tensões que marcam as relações transatlânticas e que são vistas como uma ameaça à estabilidade financeira.

O atual impasse tem origem num acordo comercial que estabeleceu uma tarifa base de 15% sobre a maioria das exportações europeias para os EUA, mas manteve taxas punitivas de 50% sobre o aço e o alumínio. Em resposta, a Comissão Europeia apresentou uma lista de produtos para os quais pretende obter isenção, incluindo vinho, calçado, equipamento médico e azeite, setores vitais para economias como a portuguesa.

A urgência é sentida por associações setoriais, com o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão, a alertar que o setor pode “perder 20% do mercado americano se não entrar nas exceções”.

Do lado norte-americano, a posição é de contrapartida. O Secretário do Comércio, Howard Lutnick, defendeu a necessidade de uma “abordagem equilibrada” da UE na regulação do setor digital, que afeta as gigantes tecnológicas americanas, como condição para baixar as tarifas sobre os metais.

Esta tensão comercial é encarada como um risco sistémico por várias instituições.

O Banco Central Europeu, no seu Relatório de Estabilidade Financeira, alerta que os bancos da Zona Euro estão expostos a setores sensíveis às tarifas e que a incerteza prejudica a estabilidade financeira.

A agência de notação DBRS também aponta o protecionismo dos EUA como um dos principais riscos no horizonte, perspetivando a manutenção de “taxas tarifárias médias mais altas”.

A indústria portuguesa, nomeadamente os setores têxtil, do calçado e do vinho, sente diretamente o impacto desta instabilidade, que se soma à crescente concorrência chinesa e ao abrandamento do consumo.