No seu Relatório de Estabilidade Financeira, o BCE adverte que “os efeitos económicos e financeiros a longo prazo das tarifas prejudicam a estabilidade financeira da zona euro”. A instituição sublinha que os bancos europeus estão expostos a empresas de setores sensíveis às tarifas, o que pode levar a um aumento do crédito malparado em caso de agravamento das disputas comerciais. Esta visão é partilhada pela agência Morningstar DBRS, que, apesar de manter uma perspetiva neutra para as dívidas soberanas, alerta para “riscos elevados de recessão” em 2026.

A agência destaca que “o protecionismo comercial proveniente dos EUA pode evoluir e, por fim, estabilizar-se em taxas tarifárias médias mais altas”.

Esta preocupação transcende a análise macroeconómica e é sentida no tecido empresarial.

No Barómetro da Executive Digest, o CEO da AON Portugal, Carlos Freire, identifica as “tarifas internacionais e a instabilidade geopolítica” como riscos emergentes que exigem uma gestão proativa por parte das empresas.

O setor dos bens de consumo duradouros é um dos mais vulneráveis, com um relatório da Crédito y Caución a afirmar que “tarifas comerciais e o protecionismo são as principais ameaças”, podendo levar a perturbações nas cadeias de abastecimento e a um aumento dos preços para o consumidor final.