A instituição adverte que as tensões comerciais podem levar a quedas bruscas nos preços das ações e afetar a qualidade do crédito dos bancos expostos a setores sensíveis.

No seu mais recente Relatório de Estabilidade Financeira, o BCE expressa uma preocupação crescente com o impacto do protecionismo comercial. O vice-presidente, Luis de Guindos, salientou que, embora o risco de uma guerra comercial em larga escala tenha sido evitado, "os efeitos de contágio adverso além da esfera comercial destacaram os riscos para a estabilidade financeira".

A instituição alerta que o sentimento do mercado pode mudar abruptamente devido a notícias dececionantes, incluindo as relacionadas com a adoção da Inteligência Artificial, ou a uma deterioração das perspetivas de crescimento, sendo as tarifas um potencial gatilho para essa mudança. O BCE considera que os mercados financeiros são vulneráveis a "ajustamentos bruscos de preços devido a avaliações persistentemente altas", e as tarifas podem afetar o resultado de alguns bancos através do aumento do crédito malparado em empresas de setores mais sensíveis, como a indústria transformadora. Esta incerteza comercial, segundo o BCE, "prejudica a estabilidade financeira da zona euro", justificando uma abordagem cautelosa e a manutenção de todas as opções abertas para futuras decisões de política monetária.