A situação é agravada pelo excedente comercial recorde alcançado pela China, que poderá intensificar as pressões por uma maior correção dos desequilíbrios externos.

Apesar da guerra comercial iniciada pela administração de Donald Trump, a economia chinesa demonstrou resiliência, atingindo um excedente comercial histórico de 858 mil milhões de dólares.

Este resultado foi alcançado através do redirecionamento das suas vendas para mercados alternativos aos Estados Unidos, compensando o fraco consumo interno.

No entanto, o conflito pautal continua ativo, com os EUA a manterem tarifas médias de 47,5% sobre bens chineses, enquanto a China aplica tarifas de cerca de 32% sobre produtos norte-americanos. Este desequilíbrio, segundo o Peterson Institute for International Economics, alimenta um debate sobre a necessidade de maior reciprocidade.

A política tarifária norte-americana, descrita como uma das mais agressivas em décadas, é apontada como um dos fatores que contribui para uma inflação mais persistente nos EUA em comparação com a Europa. Para as empresas, o cenário gera uma “maior incerteza”, com consequências como “preços mais altos, perda de poder de compra” e um abrandamento geral da atividade económica.

A instabilidade levou mesmo o Banco do Japão a adotar uma postura cautelosa, aguardando o desfecho das “negociações tarifárias com os Estados Unidos” antes de proceder a alterações na sua política monetária, evidenciando o impacto sistémico destas medidas protecionistas.