A decisão da União Europeia de Radiodifusão (UER) de permitir a participação de Israel no Festival Eurovisão da Canção 2026 gerou uma intensa onda de contestação em Portugal. Milhares de cidadãos, trabalhadores da RTP e figuras públicas como Salvador Sobral exigem que a estação pública boicote o evento, enquanto a administração da RTP confirmou a presença do país no certame. A controvérsia assenta em dois pilares: a contínua ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza, que os críticos consideram uma violação dos direitos humanos incompatível com os valores do festival, e os “escândalos de manipulação de voto que mancharam a edição de 2025”. Uma petição pública online, que rapidamente ultrapassou as 13 mil assinaturas, exige a “retirada imediata de Portugal” enquanto Israel participar, argumentando que a RTP não pode usar dinheiros públicos num evento que serve de “plataforma de limpeza de imagem”.
A esta pressão popular juntou-se uma moção aprovada em plenário pelos trabalhadores da RTP, que condenaram a decisão e instaram a administração a “reavaliar urgentemente a sua posição”.
Salvador Sobral, vencedor do festival em 2017, criticou duramente a RTP por, na sua opinião, ter “medo de fazer a coisa certa”, acusando a estação de “cobardia política”. A polémica intensificou-se com o anúncio de boicote por parte de vários países, incluindo Espanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia.
Apesar da crescente pressão interna e do contexto internacional, a RTP comunicou que votou a favor da alteração das regras da UER que, na prática, viabilizaram a participação israelita, e confirmou que Portugal marcará presença na competição em Viena, Áustria.
Em resumoA polémica em torno da Eurovisão 2026 coloca a RTP numa posição delicada, dividida entre os seus compromissos com a UER e uma crescente exigência pública e interna para adotar uma postura política firme, refletindo a crescente politização do histórico concurso musical.