A peça de teatro "carne.exe" estreia-se como um marco experimental no panorama cultural português, ao colocar o aclamado ator Albano Jerónimo a contracenar com um agente de inteligência artificial em palco. O espetáculo, uma criação dos artistas transdisciplinares Carincur e João Pedro Fonseca, do coletivo Zabra, é uma coprodução do Teatro Nacional D. Maria II e esteve em cena no Centro de Arte Moderna Gulbenkian de 12 a 14 de dezembro. O parceiro de cena de Albano Jerónimo é AROA (Artificial Relational Ontological Agent), um sistema de IA desenvolvido pela consultora NTT DATA Portugal, em parceria com a Google e com base no modelo LLM Gemini. AROA foi treinada com conteúdos poéticos e filosóficos para poder interagir em tempo real com o ator. A peça é largamente improvisada, com Albano Jerónimo a ter o seu primeiro contacto com as respostas da IA em cada representação.
O ator descreve o seu método como sendo o de “abraçar o estrangeiro, aquilo que desconheço”.
O espetáculo explora as fronteiras entre o humano e a máquina, a consciência e a coexistência.
Apesar de partilhar o palco com a tecnologia, Jerónimo expressou a sua convicção de que a IA “nunca entrará no teatro” de forma a substituir a presença humana.
“No passado, como hoje, para um texto do Molière são precisos oito atores e duas horas.
Portanto, a presença humana, o humano, a pessoa, é fundamental”, sustentou o ator.
Em resumo"carne.exe" é uma produção inovadora que une o ator Albano Jerónimo e uma inteligência artificial (AROA) em palco, numa coprodução do Teatro Nacional D. Maria II. O espetáculo, baseado na improvisação, explora a relação entre humanidade e tecnologia, questionando os limites da criação artística.