A polémica reflete a crescente politização do concurso, que historicamente se afirma como apolítico.

Após a União Europeia de Radiodifusão (UER) confirmar que Israel poderia participar no concurso, cinco países — Espanha, Irlanda, Países Baixos, Eslovénia e Islândia — anunciaram a sua retirada em protesto. A onda de contestação ganhou contornos internacionais quando Nemo, artista suíço que venceu a edição de 2024, anunciou que iria devolver o seu troféu, afirmando que “o concurso tem sido utilizado repetidamente para suavizar a imagem de um Estado acusado de atos criminosos”.

Em Portugal, a reação foi igualmente forte.

A maioria dos 16 artistas selecionados para compor temas para o Festival da Canção, incluindo nomes como Cristina Branco e Bateu Matou, declarou publicamente a recusa em representar o país na Eurovisão caso vençam o concurso nacional.

“Com palavras e com canções, agimos dentro da possibilidade que nos é dada.

Não compactuamos com a violação dos Direitos Humanos”, afirmaram num comunicado conjunto.

A esta tomada de posição juntou-se a de Salvador Sobral, vencedor em 2017, que criticou a decisão da RTP como um ato de “cobardia política”. Foi também lançada uma petição pública, que rapidamente ultrapassou as 25 mil assinaturas, exigindo a retirada imediata de Portugal.

Apesar da pressão, a RTP confirmou a sua participação, garantindo que irá ao concurso mesmo que o vencedor do Festival da Canção se recuse a ir.