A decisão evidencia o crescente impacto da rigorosa legislação europeia sobre privacidade e inteligência artificial nas estratégias de lançamento de produtos das gigantes tecnológicas globais.

A funcionalidade, denominada “Apple Intelligence: Tradução em Tempo Real com AirPods”, foi uma das mais destacadas na apresentação dos novos AirPods Pro 3, prometendo permitir que dois interlocutores que falem idiomas diferentes comuniquem de forma fluida.

No entanto, uma nota no site oficial da empresa esclarece que o serviço “não estará disponível se estiveres na União Europeia e o país ou região da tua conta também for da União Europeia”. Embora a Apple não tenha fornecido uma justificação oficial, analistas apontam para a necessidade de garantir a conformidade com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) e a nova Lei da Inteligência Artificial da UE.

Estes regulamentos impõem obrigações apertadas sobre como são processados dados de voz, o consentimento dos utilizadores e a transparência dos algoritmos.

A empresa parece preferir adiar o lançamento a arriscar sanções pesadas dos reguladores.

A medida afeta não só os novos AirPods Pro 3, mas também modelos anteriores compatíveis, como os AirPods Pro 2, e retira à Apple um mercado potencialmente massivo, dado que os AirPods são um dos acessórios mais vendidos no continente. A situação ilustra um padrão crescente em que a legislação europeia atua como um modelador de facto das inovações tecnológicas globais.