O ciberespaço de interesse nacional enfrentou uma intensificação das ameaças em 2024, com o número de incidentes notificados a aumentar 36% em relação ao ano anterior, totalizando 2.758 ocorrências. Estes dados, do relatório “Cibersegurança Riscos & Conflitos” do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), marcam um regresso à tendência de crescimento acelerado após uma relativa estabilização em 2023. O relatório da Equipa de Resposta a Incidentes de Segurança Informática Nacional (CERT.PT) detalha que, embora o phishing e o smishing continuem a ser as tipologias mais frequentes (com um aumento de 13%), os ataques de engenharia social registaram o maior crescimento, tornando-se a segunda categoria mais reportada. Estes incluem fraudes como “CEO Fraud”, vishing (fraude por chamada de voz) e esquemas de falso recrutamento. Os ataques de ransomware, apesar de terem diminuído 35% em número, mantiveram um “impacto substancial e muito amplo”.
Cerca de 78% dos incidentes ocorreram em entidades privadas, com aumentos expressivos nos setores da energia (+140%) e na administração pública local (+26%) e regional (+74%).
O setor bancário, por outro lado, registou uma descida de 69% nos incidentes.
O relatório também destaca a crescente sofisticação dos agentes de ameaça, desde cibercriminosos a atores estatais focados em ciberespionagem e grupos hacktivistas, maioritariamente pró-russos, que utilizaram ataques de negação de serviço (DDoS) e roubo de dados. As tendências futuras apontam para um aumento de ataques a infraestruturas na nuvem, a exploração de vulnerabilidades e o uso ofensivo de ferramentas de IA generativa.
Especialistas como Jorge Libório, da EY, notam que, apesar do aumento do investimento, as PME continuam com recursos limitados para acompanhar a evolução das ameaças.
Em resumoO relatório do CNCS evidencia um agravamento do cenário de cibersegurança em Portugal, com um aumento significativo de incidentes e uma maior sofisticação das ameaças. A engenharia social emergiu como um vetor de ataque predominante, enquanto setores críticos como a energia e a administração pública se tornaram alvos mais frequentes, sublinhando a necessidade de um investimento contínuo e de uma maior preparação, especialmente por parte das PME.