O acordo, que prevê tarifas norte-americanas de 15% sobre a maioria dos produtos europeus e a promessa de investimentos significativos da UE nos EUA, levou a União Europeia a suspender as medidas de retaliação que tinha planeadas contra a política tarifária de Washington.
A negociação expôs profundas divisões entre os Estados-membros.
A Alemanha e a Itália, com elevados superavits comerciais com os EUA, foram dos principais impulsionadores do acordo para evitar uma guerra comercial. Outros, como os países nórdicos, adotaram uma postura pragmática, considerando que “mais vale um mau acordo do que uma guerra comercial”. Em contrapartida, França considerou a postura europeia uma “rendição”.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou a UE com tarifas de 35% caso a promessa de investimento de 600 mil milhões de dólares e a compra de 750 mil milhões em produtos energéticos não fossem cumpridas.
Analistas consideram que a UE capitulou por ser um “projeto político adiado, incompleto, indefeso e crescentemente disfuncional”, sublinhando a sua dependência em matéria de segurança no âmbito da NATO e no apoio à Ucrânia.
A falta de uma resposta estrutural e unida, como um plano de recuperação e investimento, reforçou a perceção de fragilidade institucional e submissão estratégica a Washington.
O antigo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, referiu que Bruxelas teve “pragmatismo” a lidar com “o bully americano”, mas que também houve “alguma capitulação”.