A decisão, anunciada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, será precedida por uma auscultação ao Presidente da República e aos partidos com assento parlamentar, e surge num contexto de crescente pressão internacional para uma solução de dois Estados.
A embaixadora da Palestina em Lisboa, Rawan Suleiman, considerou a posição portuguesa “muito importante e corajosa”, enquadrando-a num “consenso global” para que o povo palestiniano exerça o seu direito à autodeterminação.
A diplomata sublinhou que a solução para o conflito “nunca será militar” e que a paz exige um “horizonte político” que ponha fim à ocupação.
As reações em Portugal dividiram-se.
O candidato presidencial Luís Marques Mendes classificou a decisão como “inevitável”, enquanto António Filipe, apoiado pelo PCP, considerou-a tardia, defendendo que o país devia ter saído há muito da “lista da vergonha” dos que ainda não o fizeram. O embaixador de Israel em Portugal, Oren Rozenblat, criticou a intenção do governo, afirmando que seria “um prémio para os terroristas” e que o reconhecimento da Palestina recompensaria o Hamas. Para o embaixador, a prioridade deveria ser a libertação dos reféns e a desmilitarização do Hamas.
O comentador Ângelo Correia defendeu que o reconhecimento é “um primeiro passo” para quebrar o isolamento de Israel, que “ganhando militarmente, perde politicamente”.