Numa altura em que Portugal enfrenta uma severa vaga de incêndios, o Governo português justificou a decisão de não ativar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, argumentando que o país dispõe de meios suficientes e que este recurso deve ser usado como "última instância". A Comissão Europeia, por sua vez, reiterou que tem meios preposicionados, incluindo em Portugal, prontos a atuar mediante solicitação.\n\nA posição do executivo, expressa pela ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, e pelo secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, baseia-se na ideia de que a ajuda europeia só deve ser acionada quando os recursos nacionais se esgotam. A ministra sublinhou que esta abordagem é ainda mais pertinente quando "o sul da Europa está em geral a braços com o mesmo problema".
O Governo afirma que Portugal não esgotou a sua capacidade, mencionando um dispositivo nacional com 72 meios aéreos.
No entanto, esta justificação contrasta com a mensagem de Bruxelas.
A porta-voz da Comissão, Anna-Kaisa Itkonen, afirmou que existem "helicópteros e bombeiros preposicionados em França e países vizinhos, como Portugal, prontos para ajudar assim que houver pedidos". Esta discrepância levanta um debate sobre a gestão de recursos e a definição de "último recurso" num contexto de emergências climáticas generalizadas, dado que o mecanismo europeu já foi ativado esta época para auxiliar países como a Grécia, a Bulgária e Chipre, que enfrentam desafios semelhantes.
Em resumoFace aos incêndios, o Governo português optou por não solicitar ajuda através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, alegando possuir meios nacionais suficientes. Esta decisão contrasta com a disponibilidade manifestada pela Comissão Europeia, que tem recursos preposicionados na região, gerando um debate sobre a estratégia de gestão de crises e a solidariedade europeia.