Esta situação evidencia a vulnerabilidade estratégica do bloco e as suas divisões internas.

Os artigos de imprensa sublinham um forte sentimento de marginalização por parte da Europa, com analistas como Francisco Seixas da Costa a afirmar que “a Europa capitulou em várias situações” e Alberto Alemanno a considerar a ausência de líderes europeus um “sinal claro de que a Europa está a ser deixada de lado”. Para contrariar esta exclusão, o chanceler alemão, Friedrich Merz, organizou uma série de reuniões virtuais envolvendo os líderes da UE, Ursula von der Leyen e António Costa, bem como representantes do Reino Unido, Finlândia, França, Itália, Polónia e os presidentes Trump e Zelensky.

O objetivo central desta iniciativa diplomática é estabelecer uma posição europeia unificada antes da cimeira.

A posição oficial do bloco, expressa numa declaração conjunta, apoia os esforços de paz, mas reitera princípios fundamentais: o respeito pelo direito internacional, a integridade territorial da Ucrânia e a premissa de que “o caminho para a paz na Ucrânia não pode ser decidido sem a Ucrânia”.

No entanto, esta frente unida é fragilizada pela recusa da Hungria em assinar a declaração.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, justificou a sua dissidência argumentando que a UE, não tendo sido convidada, não deveria “dar instruções do lugar de observadores”, sugerindo, em vez disso, a realização de uma cimeira própria entre a UE e a Rússia.

Este episódio revela um duplo desafio para a União Europeia: por um lado, afirmar a sua relevância no palco global face a potências como os EUA e a Rússia e, por outro, gerir dissidências internas que minam a sua força diplomática coletiva.