Os apelos sublinham a necessidade urgente de o bloco reforçar a sua autonomia estratégica, especialmente em matéria de defesa e competitividade.
Num discurso no Encontro de Rimini, Mario Draghi afirmou que 2025 será recordado como o ano em que a perceção do poder geopolítico da UE, baseado na sua dimensão económica, “se evaporou”. Draghi lamentou que o bloco tenha tido de se resignar às tarifas impostas pelos EUA e tenha desempenhado um papel limitado nas negociações de paz para a Ucrânia.
A sua análise foi corroborada por Roberta Metsola, que, no mesmo fórum, declarou que a Europa enfrenta duas opções: “uma mudança corajosa ou uma lenta e dolorosa espiral rumo à irrelevância”. Metsola defendeu que “a força económica e o ‘soft power’ já não são suficientes” e que a UE deve ter a “coragem de tomar as decisões necessárias”.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, partilhou uma visão semelhante, acusando a UE de parecer “cada vez mais condenada à irrelevância geopolítica, incapaz de responder efetivamente aos desafios de competitividade impostos pela China e pelos Estados Unidos”.
Meloni defendeu uma maior responsabilidade europeia pela sua própria defesa, afirmando que o continente “já não pode contar com os EUA” e deve estar “disposto a pagar o preço da nossa liberdade”.
A líder italiana propôs uma Europa que “faça menos, mas faça melhor”, focando-se nos seus princípios fundamentais e identidades nacionais, em linha com o lema “Unidos na diversidade”.
Estes discursos refletem uma crescente ansiedade entre os líderes europeus sobre a capacidade do bloco para navegar num cenário global cada vez mais competitivo e instável.