A França enfrenta a perspetiva de uma grave crise política após o primeiro-ministro, François Bayrou, ter anunciado que irá submeter o seu governo a um voto de confiança no parlamento a 8 de setembro. A decisão, considerada uma “jogada de póquer” de alto risco, está ligada ao seu plano de austeridade que prevê cortes orçamentais de 44 mil milhões de euros e ameaça mergulhar a segunda maior economia da zona euro na instabilidade. O governo de Bayrou não dispõe de uma maioria absoluta na Assembleia Nacional, e os principais partidos da oposição, desde a esquerda radical (França Insubmissa) à extrema-direita (União Nacional), já declararam que votarão contra a moção de confiança. A queda do governo é, por isso, um cenário provável, o que forçaria o Presidente Emmanuel Macron a tomar uma decisão difícil: dissolver novamente o parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas — as segundas em menos de um ano e meio — ou nomear um novo primeiro-ministro na esperança de conseguir formar uma maioria.
A incerteza política já provocou reações negativas nos mercados financeiros, com a venda de ações e obrigações francesas.
O ministro da Economia, Eric Lombard, chegou a admitir o risco de uma intervenção do FMI se a crise se aprofundar, embora tenha posteriormente retificado as suas declarações.
A situação fragiliza a França num momento crucial para a Europa, podendo comprometer a sua capacidade de liderança e o funcionamento do eixo franco-alemão.
Em resumoA decisão do primeiro-ministro francês de pedir um voto de confiança sobre um plano de austeridade impopular coloca o país à beira de uma crise política. A provável queda do governo gera incerteza económica e institucional, com potenciais repercussões para a estabilidade da zona euro e para a capacidade de liderança da França na UE.