A discussão, centrada na "Coligação dos Dispostos", expõe divergências sobre o papel da UE enquanto ator de defesa e a dependência do apoio norte-americano.
A busca por um enquadramento para as garantias de segurança à Ucrânia tornou-se um ponto central da diplomacia europeia, culminando numa reunião de alto nível em Paris, agendada para quinta-feira, que juntará líderes europeus, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a presidente da Comissão Europeia e o secretário-geral da NATO. A iniciativa, promovida por Paris, visa confirmar que os europeus estão "prontos" para conceder estas garantias, mas aguardam um "apoio" concreto dos Estados Unidos. A presidência francesa sublinhou que os europeus assumirão as suas responsabilidades desde que os norte-americanos "assumam as suas".
Esta dependência do aval de Washington revela as limitações da autonomia estratégica europeia.
A discussão expôs também uma fratura interna sobre a liderança deste esforço.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, defendeu que as garantias devem ser enquadradas pela "Coligação dos Dispostos" e não pela União Europeia como instituição. "Quando digo 'nós', refiro-me sobretudo à Coligação dos Dispostos", precisou Merz, argumentando que o apoio militar "é do domínio exclusivo dos Estados-membros" e de outros países envolvidos, como o Reino Unido. Esta visão colide com as declarações de Ursula von der Leyen, que admitiu a existência de "planos bastante precisos" para o envio de tropas europeias para a Ucrânia num cenário de paz, garantindo ter o apoio dos EUA para uma "presença americana como parte do apoio".
A divergência entre Berlim e Bruxelas reflete a tensão entre uma abordagem intergovernamental e uma visão mais federalista da defesa europeia.