Os gastos com armamento na União Europeia deverão atingir um novo máximo histórico de 381 mil milhões de euros em 2025, refletindo um esforço concertado de rearmamento em resposta à invasão russa da Ucrânia. Este aumento significativo marca uma viragem na política de segurança do bloco, embora nem todos os Estados-membros acompanhem o ritmo de investimento. De acordo com dados da Agência Europeia de Defesa (EDA), os gastos militares na UE já tinham atingido 343 mil milhões de euros em 2024, um aumento de 19% em relação ao ano anterior, representando 1,9% do PIB do bloco. A tendência de crescimento é quase generalizada: em 2024, 25 dos 27 Estados-membros aumentaram as suas despesas em termos reais, com apenas a Irlanda e Portugal a registarem uma ligeira redução.
A chefe da política externa da UE, Kaja Kallas, afirmou que "a Europa está a gastar quantias recorde na sua defesa, para garantir a segurança dos nossos cidadãos, e não vamos ficar por aqui".
O aumento do investimento é uma resposta direta à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, que se acelerou drasticamente após a invasão em larga escala de 2022. O compromisso foi reforçado ao nível da NATO, que inclui 23 membros da UE, com o objetivo de dedicar pelo menos 5% do PIB à segurança, dos quais 3,5% para despesas estritamente militares. Para atingir esta meta, o diretor da EDA, André Denk, estima que a UE precisará de "gastar um total de mais de 630 mil milhões de euros por ano". A Alemanha, em particular, está a dar passos significativos, com a ministra da Economia a admitir o financiamento estatal direto à indústria da defesa, considerando o rearmamento um "imperativo da política de segurança" e uma "oportunidade económica e tecnológica".
Em resumoO aumento recorde nas despesas de defesa da União Europeia sinaliza uma mudança profunda e duradoura na sua postura estratégica, motivada pela agressão russa. A tendência de rearmamento, liderada por países como a Alemanha, visa colmatar anos de subinvestimento e reforçar a capacidade de dissuasão do bloco. No entanto, a ligeira redução de despesas em países como Portugal indica que o ritmo do esforço não é uniforme, colocando desafios à coesão da política de defesa comum europeia a longo prazo.