Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, as aquisições militares europeias deverão mesmo ultrapassar as dos Estados Unidos, sinalizando uma profunda reconfiguração da postura de defesa e segurança do continente.
De acordo com dados da Agência Europeia de Defesa (EDA), os gastos com armamento já tinham atingido 343 mil milhões de euros em 2024, um aumento de 19% face ao ano anterior.
Vinte e cinco dos 27 Estados-membros aumentaram as suas despesas em termos reais, sendo Portugal e Irlanda as únicas exceções com ligeiras reduções.
Este aumento reflete os esforços para cumprir as metas da NATO, que, sob pressão do Presidente norte-americano Donald Trump, foram elevadas, com a exigência de que os membros consagrem à Aliança o equivalente a 5% do seu PIB (3,5% para despesas estritamente militares e 1,5% para segurança). Para atingir esta meta, o diretor da EDA, André Denk, estima que a UE precisaria de "gastar um total de mais de 630 mil milhões de euros por ano".
A Alemanha, a maior economia do bloco, está a considerar medidas sem precedentes, com a ministra da Economia, Katherina Reiche, a admitir que o Estado poderia financiar diretamente a indústria da defesa para acelerar a produção.
Esta inversão no investimento militar, que vinha a ser dominado pelos EUA durante décadas, demonstra como a invasão russa da Ucrânia forçou a Europa a assumir uma maior responsabilidade pela sua própria segurança, acelerando a integração e o investimento na sua base industrial e tecnológica de defesa.