A instabilidade na segunda maior economia da União Europeia gera preocupações sobre a estabilidade financeira da Zona Euro e a capacidade de liderança do bloco.

A crise foi desencadeada pelo plano orçamental de Bayrou para 2026, que prevê cortes de quase 44 mil milhões de euros para reduzir a dívida pública, incluindo medidas controversas como a eliminação de dois feriados nacionais e o congelamento de prestações sociais. A proposta gerou uma forte oposição parlamentar, com partidos desde a extrema-esquerda à extrema-direita a anunciarem o seu voto contra a moção de confiança agendada para 8 de setembro, tornando a queda do governo o cenário mais provável.

Perante este impasse, o Presidente Emmanuel Macron enfrenta três opções de risco: nomear um novo primeiro-ministro, o que seria o terceiro num ano; dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições antecipadas, arriscando um avanço dos extremos; ou a sua própria demissão, um cenário improvável mas exigido pela oposição.

A crise já extravasou as fronteiras francesas, com a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, a alertar que "a ocorrência de riscos políticos tem um impacto claro" na economia e na avaliação dos mercados financeiros.

A instabilidade em Paris ameaça enfraquecer o papel de França na liderança europeia, especialmente em dossiês críticos como o apoio à Ucrânia, num momento em que a coesão do bloco é fundamental.