Os devastadores incêndios florestais em Portugal e Espanha terão um impacto transfronteiriço, com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) a alertar para a deterioração da qualidade do ar em toda a Europa. Um relatório do Observatório Europeu da Neutralidade Climática (ECNO) conclui ainda que estes eventos estão a enfraquecer a capacidade do continente para absorver carbono naturalmente. Um cientista da OMM, Lorenzo Labrador, alertou que "as elevadas emissões causadas por estes incêndios têm o potencial de afetar não só as cidades espanholas, mas também o resto da Europa Ocidental e todo o continente", sublinhando que o impacto "atravessa frequentemente fronteiras". Esta previsão é corroborada pelo relatório do ECNO, que identifica o aumento dos incêndios florestais, juntamente com a seca e a crescente procura de madeira, como as principais razões para o enfraquecimento do sumidouro de carbono da Europa nos últimos anos. O estudo do ECNO aponta também para um progresso "muito lento" da UE em direção às metas de neutralidade climática, destacando um défice de investimento de 344 mil milhões de euros em 2023. Em resposta a esta crise partilhada, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou a intenção de propor a Portugal e a França um "pacto de Estado face à emergência climática", defendendo a necessidade de um trabalho conjunto.
Além disso, os sindicatos europeus, através da CES e da FSESP, pediram um maior investimento público e a suspensão das regras de governação económica da UE para permitir que os governos invistam mais na prevenção e resposta a fenómenos meteorológicos extremos, notando que, apesar do aumento da área ardida, os orçamentos para os serviços de combate a incêndios estagnaram.
Em resumoOs incêndios florestais na Península Ibérica representam uma ameaça ambiental para toda a Europa, afetando a qualidade do ar e comprometendo os objetivos climáticos do continente. A crise evidencia a necessidade de uma resposta europeia coordenada, tanto a nível de investimento em prevenção como de políticas climáticas mais ambiciosas.