A crise foi despoletada pelo chumbo de uma moção de confiança na Assembleia Nacional, que rejeitou o plano de austeridade do governo para reduzir a dívida pública e cumprir as metas de défice da UE. A instabilidade em França, a segunda maior economia da zona euro, é um sintoma de uma fragmentação política mais vasta que dificulta a governação. O Presidente Emmanuel Macron enfrenta agora um dilema complexo: nomear um quinto primeiro-ministro em menos de dois anos, com poucas perspetivas de conseguir uma maioria estável, ou convocar eleições legislativas antecipadas, arriscando um fortalecimento dos partidos de extrema-direita e extrema-esquerda. A proposta de orçamento de Bayrou, que incluía cortes de 44 mil milhões de euros, foi o catalisador da crise, com a oposição a considerá-la socialmente injusta. No seu discurso, Bayrou defendeu a urgência das medidas, afirmando que "o maior risco é não tomar decisões" e que, embora os deputados pudessem "derrubar o Governo, mas não têm o poder de apagar a realidade".
A situação já está a ter impacto nos mercados financeiros, com os custos de financiamento da dívida francesa a aumentar, e analistas alertam que a instabilidade política poderá atrasar a consolidação orçamental e atuar como um "obstáculo ao crescimento europeu".
A crise em França não só ameaça a agenda de reformas de Macron, como também levanta questões sobre a capacidade da UE para enfrentar desafios económicos com um dos seus membros mais influentes em tumulto político.