Esta instabilidade num dos pilares da UE gera preocupação sobre a governação e a estabilidade económica na Europa.

A crise foi despoletada pelo chumbo de uma moção de confiança ao governo de Bayrou, que tentava aprovar um controverso plano de austeridade com cortes de 44 mil milhões de euros até 2026. A rejeição parlamentar levou à sua demissão e à nomeação de Sébastien Lecornu, o quinto primeiro-ministro em dois anos, que enfrenta agora o desafio de governar sem maioria. Em paralelo, o movimento social “Bloquons Tout!” (“Vamos Bloquear Tudo!”) mobilizou centenas de milhares de pessoas em todo o país. Nascido nas redes sociais e comparado aos “Coletes Amarelos”, o movimento organizou centenas de manifestações e bloqueios, resultando em centenas de detenções e confrontos com a polícia.

Os manifestantes expressam uma profunda revolta contra o Presidente Emmanuel Macron, como afirmou um representante sindical: “Isto é a mesma merd*, é o mesmo, Macron é o problema, não são os ministros.

Ele tem de ir”. A instabilidade política reflete-se na economia, com os juros da dívida francesa a superarem momentaneamente os de Itália, um sinal de nervosismo dos mercados.

O novo primeiro-ministro prometeu “mudanças profundas” e diálogo com a oposição, mas o seu caminho para aprovar um novo orçamento e restaurar a calma social afigura-se extremamente difícil.