A França enfrenta uma profunda crise política e institucional, marcada pela queda sucessiva de governos, que ameaça a estabilidade económica do país e, por extensão, da União Europeia. A instabilidade, que culminou com a rejeição de uma moção de confiança ao primeiro-ministro François Bayrou e a nomeação de Sébastien Lecornu como seu sucessor, ocorre num contexto de protestos massivos contra medidas de austeridade. A crise foi despoletada pela proposta de Bayrou de um orçamento com cortes de 44 mil milhões de euros para reduzir o défice público, que é quase o dobro do limite de 3% da UE. A proposta foi rejeitada por uma vasta maioria na Assembleia Nacional, levando à queda do governo, o quarto a cair em menos de dois anos.
O Presidente Emmanuel Macron nomeou Sébastien Lecornu, até então ministro da Defesa, para tentar formar um novo governo e encontrar uma maioria parlamentar para aprovar o orçamento.
Paralelamente, o movimento "Bloqueiem Tudo" ('Bloquons Tout'), comparado aos "Coletes Amarelos", mobilizou centenas de milhares de pessoas em protestos por todo o país, resultando em centenas de detenções e confrontos com a polícia.
A instabilidade política já teve repercussões económicas: pela primeira vez em décadas, os juros da dívida francesa superaram os da italiana, sinalizando uma crescente desconfiança dos mercados na capacidade de França em gerir as suas finanças públicas. Analistas alertam que a crise francesa pode "acelerar uma crise estrutural mais profunda da própria Europa" e que as suas ondas de choque chegarão a outros países, como Portugal.
A situação em França, um dos pilares da UE, é vista como perigosa para a coesão do bloco, podendo alimentar politicamente os movimentos radicais.
Em resumoA crise governamental em França, exacerbada por protestos sociais contra a austeridade, representa um risco significativo para a estabilidade da União Europeia. A dificuldade em formar um governo estável e aprovar reformas orçamentais está a minar a confiança dos mercados e a fragilizar a posição de um dos principais Estados-membros, com potenciais repercussões para toda a zona euro.