A crise da habitação acessível está a consolidar-se como um dos maiores desafios sociais e económicos da Europa, com líderes de instituições-chave como o Banco Central Europeu (BCE) e o Conselho Europeu a sublinharem a urgência de encontrar soluções para um problema que afeta a coesão social e o futuro das novas gerações. No Fórum Social do Porto, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, classificou a habitação acessível como "um dos desafios mais urgentes nos Estados-membros", essencial para garantir "a coesão social e a sustentabilidade das democracias na Europa". Costa alertou que a dificuldade no acesso à primeira habitação alimenta o populismo e anunciou que o tema será debatido no Conselho Europeu de outubro. A presidente do BCE, Christine Lagarde, ecoou esta preocupação, afirmando que o problema é transversal a várias economias, "sobretudo no espaço do euro".
Lagarde atribuiu a crise a um "desequilíbrio estrutural entre procura e oferta", destacando a falta de construção e de habitação pública, em vez de a ligar diretamente à evolução das taxas de juro. A presidente do BCE defendeu que cabe aos governos nacionais implementar políticas que reforcem a oferta para conter a escalada de preços.
Em resposta, a Comissão Europeia, sob a liderança de Ursula von der Leyen, está a preparar o primeiro plano europeu para a habitação acessível, que deverá ser apresentado ainda este ano. Com milhões de europeus a despenderem uma parte substancial dos seus rendimentos em custos de habitação, a questão passou para o centro da agenda política europeia, exigindo medidas concretas e coordenadas.
Em resumoA habitação acessível tornou-se uma crise pan-europeia, reconhecida ao mais alto nível pelo Conselho Europeu e pelo BCE. A falta de oferta é identificada como a causa principal, e a solução passa por políticas públicas coordenadas a nível nacional e um novo plano europeu para garantir o acesso a uma necessidade básica e travar o descontentamento social.