A Eslováquia aprovou uma controversa alteração constitucional que consagra a existência de apenas dois géneros e restringe os direitos LGBTQ+, ao mesmo tempo que desafia a primazia do direito da União Europeia em matérias "culturais e éticas". A medida, impulsionada pelo governo populista de Robert Fico, coloca o país em rota de colisão com Bruxelas e aprofunda as preocupações sobre o Estado de direito no seio do bloco. A emenda constitucional, aprovada por uma margem reduzida no parlamento, define o reconhecimento legal de apenas dois sexos (masculino e feminino), restringe a adoção a casais heterossexuais casados e proíbe a gestação de substituição.
O ponto mais polémico estabelece que, em questões de "valores-chave", a lei nacional eslovaca terá precedência sobre os acordos internacionais, incluindo o direito da UE.
O primeiro-ministro Robert Fico defendeu a medida como "senso comum".
A iniciativa gerou fortes críticas de organizações como a Amnistia Internacional, que a considerou "um dia negro para a Eslováquia".
A nível europeu, a medida é vista como um desafio direto à ordem jurídica do bloco.
O comissário europeu para a Justiça, Michael McGrath, já havia alertado que "a primazia do direito da União Europeia não é negociável".
Observadores políticos comparam a estratégia de Fico ao "manual iliberal" seguido pelo governo húngaro, antecipando um confronto direto entre Bratislava e Bruxelas nos próximos meses.
Em resumoA alteração constitucional na Eslováquia representa um desafio direto aos fundamentos legais e de valores da União Europeia, abrindo uma nova frente no debate sobre o Estado de direito e os direitos fundamentais, e arriscando sanções por parte de Bruxelas.