A situação expõe as contradições entre os objetivos políticos do bloco e as realidades económicas de alguns Estados-membros.
Um relatório da organização ambientalista Greenpeace Bélgica revelou uma realidade incómoda: entre 2022 e 2025, quatro países da UE — França, Bélgica, Espanha e Países Baixos — gastaram 34,3 mil milhões de euros em gás russo, um montante que supera em 13 mil milhões a ajuda bilateral que forneceram à Ucrânia no mesmo período. O porto belga de Zeebrugge foi identificado como o principal ponto de entrada de GNL russo na Europa, com as importações a mais do que duplicarem desde o início da guerra. Este comércio, facilitado por contratos de longo prazo com grandes empresas energéticas europeias, gerou milhares de milhões em receitas fiscais para o Estado russo.
A questão da dependência energética foi diretamente abordada pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que, na cimeira de Copenhaga, instou a Hungria a considerar alternativas, afirmando que "a energia dos EUA e de outros parceiros pode preencher o buraco no mercado europeu". Num desenvolvimento que poderá alterar significativamente o mapa energético da região, a Bulgária anunciou a sua intenção de cessar o trânsito de gás russo através do seu território até ao final de 2027. Esta medida, alinhada com os planos da UE para eliminar gradualmente o gás russo, cortaria efetivamente o fornecimento por gasoduto à Hungria e à Eslováquia, dois dos países mais dependentes de Moscovo e mais relutantes em diversificar as suas fontes de energia.














