A União Europeia reconhece formalmente a existência de uma crise habitacional transnacional, que afeta a competitividade e a coesão social em todo o continente. Em resposta, a Comissão Europeia prepara um "Plano de Habitação Acessível para a Europa", sinalizando uma maior intervenção de Bruxelas numa área tradicionalmente de competência nacional. O Presidente do Conselho Europeu, António Costa, tornou-se uma das vozes mais proeminentes sobre o tema, afirmando que "de Dublim a Atenas é evidente: há uma crise habitacional". Costa sublinhou que o problema já não se restringe às famílias de baixos rendimentos, afetando severamente a "classe média, mas, em especial, as gerações mais jovens", e comprometendo a competitividade da UE.
Em linha com esta preocupação, o comissário europeu para a Habitação, Dan Jørgensen, anunciou que a Comissão apresentará em breve um plano abrangente.
As medidas previstas incluem a mobilização de mais fundos da UE, nomeadamente através da política de Coesão e do próximo orçamento de longo prazo, para apoiar projetos de habitação acessível. O plano contempla ainda uma revisão das regras de auxílios estatais para facilitar o investimento público no setor e o combate à "financeirização do parque habitacional" para travar a especulação. Uma das propostas mais concretas é a criação de nova legislação "justa" para regular os arrendamentos de curta duração, como o Alojamento Local, que são vistos como um dos fatores de pressão sobre o mercado em muitas cidades europeias.
A inclusão do tema na agenda formal do Conselho Europeu marca uma viragem, elevando a habitação a uma prioridade política ao nível do bloco.
Em resumoAo assumir a crise da habitação como um problema europeu, a UE dá um passo importante para além das suas competências tradicionais. O futuro plano de ação, que combinará financiamento, revisão de regras e nova legislação, representa uma tentativa de coordenar uma resposta a um desafio que ameaça a coesão social e o futuro das gerações mais jovens em todo o bloco.