A campanha, liderada pelo movimento "My Voice, My Choice", visa criar um mecanismo que alivie o fardo financeiro sobre as mulheres e ONG que atualmente cobrem os custos de deslocação e procedimentos médicos no estrangeiro.

A necessidade de tal fundo foi evidenciada por casos como o de Mirela Čavajda, uma cidadã croata que, perante a recusa de vários hospitais no seu país, teve de viajar para a Eslovénia e pagar 5.000 euros para interromper uma gravidez com graves anomalias fetais. Outros casos mediáticos, como o da turista americana Andrea Prudente em Malta (onde o aborto é quase totalmente proibido) e a morte de Izabela na Polónia por sépsis após um aborto adiado, sublinham os riscos que as mulheres enfrentam. A comissária europeia para a Igualdade, Hadja Lahbib, expressou esperança de que a iniciativa possa "proteger vidas de mulheres", mas lembrou que a legislação sobre o aborto é uma competência dos Estados-membros e que qualquer alteração legislativa a nível da UE exigiria unanimidade.

Por isso, a proposta em estudo foca-se num fundo voluntário, ao qual os países poderiam aderir.

A Comissão Europeia tem até março de 2026 para dar uma resposta formal à petição.

A discussão a nível europeu coincide com movimentos nacionais, como em Espanha, onde o governo anunciou a intenção de consagrar o direito ao aborto na Constituição, seguindo o exemplo de França.