A instabilidade em Paris ameaça paralisar reformas cruciais e agravar a fragilidade económica, com repercussões diretas para a União Europeia.
A demissão de Lecornu, o quinto primeiro-ministro a cair em três anos sob a presidência de Emmanuel Macron, expôs a profunda fragmentação da Assembleia Nacional e a incapacidade do presidente em construir uma maioria governativa estável.
A crise foi precipitada pela contestação à composição do novo governo, nomeadamente por parte do partido de centro-direita Os Republicanos.
Numa declaração, Lecornu justificou a sua saída afirmando que “não estavam reunidas as condições” para governar, criticando a falta de flexibilidade dos partidos da oposição. A situação mergulhou o país num impasse, com o Presidente Macron a conceder um prazo de 48 horas a Lecornu para conduzir “negociações finais” na tentativa de encontrar uma “plataforma de ação e estabilidade”. Contudo, a oposição, desde a extrema-direita de Marine Le Pen à esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon, intensificou os apelos à dissolução do parlamento ou mesmo à demissão do próprio Macron.
Uma sondagem revelou que 70% dos franceses são favoráveis à saída do presidente, a quem atribuem a responsabilidade pela crise.
O impacto económico foi imediato, com os juros da dívida francesa a subirem e a arrastarem outras dívidas soberanas europeias, incluindo a de Portugal e da Alemanha.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, garantiu que “todas as instâncias europeias estão a acompanhar atentamente a evolução atual”, expressando a esperança de que a França consiga respeitar os seus compromissos orçamentais.
A Alemanha também sublinhou que “uma França estável é uma contribuição importante para a Europa”.














