A Comissão Europeia delineou uma proposta ambiciosa para um empréstimo de reparação à Ucrânia no valor de 140 mil milhões de euros, que será garantido pelos lucros gerados pelos ativos russos congelados na União Europeia. A iniciativa visa assegurar um apoio financeiro sustentável a longo prazo para Kiev, num momento em que as perspetivas de um cessar-fogo com Moscovo permanecem reduzidas. O mecanismo, que a Comissão espera ver aprovado pelos líderes da UE na cimeira de 23 e 24 de outubro para se tornar operacional na primavera de 2026, prevê que o montante seja mobilizado em tranches e sujeito a condicionalidades. O empréstimo destina-se a financiar a indústria de defesa e as despesas orçamentais da Ucrânia.
A proposta não contempla o confisco dos ativos russos, que permanecerão congelados, mas sim a utilização dos seus rendimentos como garantia.
O reembolso do empréstimo ficaria condicionado ao pagamento de reparações de guerra por parte da Rússia.
Para mitigar os riscos, os Estados-membros seriam convidados a fornecer garantias, decidindo individualmente sobre a sua participação.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, expressou cautela, afirmando que o BCE estará “muito atento para garantir que o que for proposto esteja em conformidade com o direito internacional e tenha em conta a estabilidade financeira” da zona euro.
A proposta surge num contexto de debate intenso sobre como continuar a financiar a Ucrânia, sendo a utilização dos cerca de 210 mil milhões de euros em ativos russos congelados na UE, maioritariamente na Bélgica, uma das principais opções em cima da mesa.
Contudo, a ideia levanta reservas jurídicas e financeiras, nomeadamente por parte da Bélgica, que teme pela estabilidade do euro e pela legalidade da medida.
Em resumoA Comissão Europeia avançou com um plano para um empréstimo de 140 mil milhões de euros à Ucrânia, garantido por ativos russos congelados, para financiar a defesa e o orçamento do país. Embora a iniciativa vise um apoio sustentável, enfrenta reservas jurídicas e preocupações do BCE sobre a estabilidade financeira da zona euro, aguardando a aprovação dos líderes europeus.