De acordo com a investigação conduzida pelo centro húngaro Direkt36 e parceiros como o De Tijd e o Der Spiegel, os serviços secretos húngaros (Informacios Hivatal) terão tentado infiltrar-se nas instituições da UE. A operação, descrita como inspirada nos métodos do KGB, visava recrutar funcionários europeus de nacionalidade húngara, que eram considerados “alvos de recrutamento”. Diplomatas fictícios, a operar sob cobertura na representação oficial da Hungria em Bruxelas, abordavam estes funcionários em locais como parques públicos, pedindo-lhes que partilhassem informações internas, como atas de reuniões secretas, em troca de dinheiro ou ajuda na progressão da carreira.

O objetivo era “ser informado antecipadamente de qualquer medida suscetível de prejudicar os interesses” do governo de Viktor Orbán.

A investigação sugere que Olivér Várhelyi, que na altura era o embaixador da Hungria na UE, “tinha certamente conhecimento das atividades de espionagem” e era um dos “utilizadores finais das informações recolhidas”.

A Comissão Europeia reagiu afirmando levar “muito a sério estas alegações” e anunciou a criação de um grupo interno para analisar o caso, com a presidente Ursula von der Leyen a pretender discutir o assunto diretamente com Várhelyi. A revelação surge num contexto de tensões crescentes entre Budapeste e Bruxelas, com a Hungria a ser acusada de minar o Estado de direito e de manter uma postura próxima do Kremlin.