A instabilidade na segunda maior economia da zona euro levanta receios sobre as repercussões económicas e a capacidade de governação do país, num momento crucial para a aprovação do orçamento de 2026.

A crise foi desencadeada pela dificuldade de Lecornu em formar um governo com apoio parlamentar estável, culminando na sua demissão apenas um mês após ter assumido o cargo, para ser renomeado por Emmanuel Macron dias depois. Este ciclo de instabilidade, que já viu quatro primeiros-ministros em menos de um ano, foi classificado pela imprensa europeia como uma "crise política interminável".

A situação é particularmente alarmante para os parceiros europeus devido à fragilidade das finanças públicas francesas, com um défice elevado e uma dívida crescente.

A Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, afirmou que "todas as instâncias europeias estão a acompanhar atentamente a evolução atual", expressando a esperança de que a França encontre forma de "respeitar os compromissos internacionais, nomeadamente em matéria de apresentação de orçamentos".

O governo alemão também se manifestou, com um porta-voz a sublinhar que "uma França estável é uma contribuição importante para a Europa".

A crise já teve impacto nos mercados financeiros, com um aumento dos juros da dívida francesa, o que pressiona a zona euro.

A oposição, da extrema-direita à extrema-esquerda, ameaça com moções de censura, tornando incerta a sobrevivência do novo governo e a aprovação de um orçamento dentro dos prazos constitucionais.