Este movimento separatista aprofunda a crise política e testa a resiliência dos Acordos de Dayton, que puseram fim à guerra na década de 1990. Apesar de ter sido formalmente destituído do cargo pela Comissão Eleitoral da Bósnia e de a decisão ter sido confirmada por um tribunal de recurso, Milorad Dodik recusa-se a abandonar o poder.

O referendo que convocou visa obter apoio popular para rejeitar as decisões do Alto Representante, Christian Schmidt, e dos tribunais estatais que o afastaram.

Numa manobra de desafio adicional, o parlamento da República Sérvia elegeu Ana Trisic-Babic, uma conselheira próxima de Dodik, como presidente interina da entidade, justificando a medida como uma reação a "ações inconstitucionais e ilegais" do poder judicial bósnio. Estas ações foram vistas como uma tentativa de afirmar a independência das instituições sérvias-bósnias.

Em resposta, o parlamento nacional da Bósnia-Herzegovina revogou várias leis aprovadas pela República Sérvia que visavam limitar a jurisdição das instituições centrais.

A situação gerou tensões internacionais, com os Estados Unidos a suspenderem sanções aplicadas a quatro dirigentes da República Sérvia, numa complexa teia diplomática que envolve a UE e outros atores internacionais preocupados com a paz nos Balcãs.