O Conselho da Europa propõe um "novo pacto democrático" para equilibrar o investimento em segurança com a proteção dos valores democráticos.

Impulsionada pela guerra na Ucrânia e pela crescente perceção de ameaça russa, a indústria de defesa europeia está em expansão. Um exemplo claro é o anúncio da construção de uma fábrica de pólvora na Roménia, um investimento de mais de 500 milhões de euros do grupo alemão Rheinmetall em parceria com a estatal Romarm. Este projeto, localizado no flanco leste da NATO, visa aumentar a capacidade de produção de munições na Europa e criar cerca de 700 empregos. Este movimento insere-se numa tendência mais ampla, com a Alemanha a planear um reequipamento militar de 377 mil milhões de euros para se tornar "no Exército convencional mais poderoso da Europa".

No entanto, este rápido aumento do investimento militar suscita preocupações.

O secretário-geral do Conselho da Europa, Alain Berset, alertou para o perigo de uma "militarização sem democratização", questionando o que significará para a estabilidade europeia ter "países altamente militarizados e um retrocesso muito forte nas democracias" dentro de uma década. Para contrariar esta tendência, Berset defende a necessidade de "renovar o pacto democrático", desenvolvendo instrumentos para combater a desinformação e as interferências estrangeiras, de modo a que o reforço militar não comprometa os valores fundamentais da Europa.