A iniciativa surge como resposta a um cenário geopolítico complexo e visa reforçar a autonomia estratégica da União Europeia. A proposta para esta nova unidade de inteligência surge num contexto internacional descrito como um “complicado panorama geopolítico e geoeconómico”, exacerbado pela guerra híbrida da Rússia, a pressão da China e a anunciada retirada progressiva de tropas norte-americanas da Europa. O objetivo é reforçar as capacidades de segurança do bloco, permitindo uma melhor utilização da informação recolhida pelas agências nacionais.

Segundo uma fonte citada nos artigos, “os serviços secretos dos Estados-membros da UE sabem muito.

A Comissão sabe muito.

Precisamos de uma maneira melhor de reunir tudo isso”. A nova célula, que se prevê ser uma “unidade pequena” com “dezenas de pessoas”, funcionaria sob o comando direto de Von der Leyen, integrada no Secretariado-Geral da Comissão. Contudo, o plano já enfrenta resistência interna, nomeadamente por parte de altos funcionários do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), que temem uma sobreposição com o Centro de Análise de Inteligência da UE (INTCEN).

Bruxelas garante que a nova estrutura será “complementar” e cooperará estreitamente com os serviços existentes.

A partilha de informações de inteligência permanece um tema sensível, com os Estados-membros a serem tradicionalmente relutantes em ceder soberania nesta área, uma desconfiança agravada pela presença de governos pró-russos no seio da UE, como o da Hungria. Analistas como Bernardo Valente consideram a espionagem um “problema endémico da UE”, descrevendo os espiões como “cavalos de Troia com ligações às forças russas”.

A criação desta unidade é vista como um dos “primeiros passos para ser mais do que uma união económica”.