Num contexto de crescente instabilidade geopolítica, líderes europeus e a Comissão Europeia intensificam o apelo por uma maior soberania e capacidade de defesa para o bloco. O antigo presidente da Comissão, Durão Barroso, alertou que a Europa deve preparar-se para a guerra, enquanto o chanceler alemão defendeu uma Europa menos dependente dos EUA, e Bruxelas planeia criar uma nova célula de inteligência. O debate sobre a autonomia estratégica da Europa ganhou um novo sentido de urgência. José Manuel Durão Barroso, antigo presidente da Comissão Europeia, defendeu de forma contundente a necessidade de a Europa se preparar para um conflito com a Rússia, afirmando que "mais do que nunca, aplica-se o princípio de 'se queres a paz, prepara-te para a guerra'". Para Barroso, o investimento em defesa é a única forma de dissuadir agressores e custará menos do que uma guerra efetiva.
Esta visão é partilhada pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, que apelou a uma Europa "mais soberana e independente", que já não pode depender da defesa dos Estados Unidos, das matérias-primas da China ou da Rússia como "garante da paz".
Merz também criticou o mercado único europeu por se ter tornado um "monstro burocrático".
Em linha com esta reorientação estratégica, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está a planear a criação de uma nova célula de inteligência sob o seu controlo direto. Esta pequena unidade visaria melhorar a utilização das informações recolhidas pelas agências de espionagem dos 27 Estados-membros, complementando as estruturas existentes e reforçando a capacidade de análise e antecipação estratégica de Bruxelas.
Em resumoA guerra na Ucrânia e as mudanças geopolíticas estão a forçar a União Europeia a uma profunda reavaliação da sua política de segurança e defesa. Os apelos a um maior investimento militar, a uma menor dependência externa e à criação de novas capacidades, como uma célula de inteligência, indicam uma mudança de paradigma em direção a uma maior autonomia estratégica para o bloco.