O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, anunciou que o seu governo irá contestar no Tribunal de Justiça da União Europeia a decisão do bloco de proibir as importações de gás russo até 2027. Orbán classificou a medida como "manifestamente ilegal e contrária aos valores europeus", aprofundando a divisão dentro da UE sobre a política de sanções contra Moscovo. A decisão da Hungria de levar a proibição de importação de gás russo ao tribunal formaliza a sua oposição de longa data às sanções energéticas da UE contra a Rússia. A medida, aprovada em outubro por maioria dos Estados-membros, teve a oposição da Hungria e da Eslováquia, países fortemente dependentes dos combustíveis fósseis russos.
Numa entrevista a uma rádio estatal, Orbán argumentou que Bruxelas usou uma votação por maioria, típica de política comercial, para uma matéria que deveria exigir unanimidade, como as sanções.
Para o líder húngaro, a UE está a tentar "silenciar um Governo que não concorda com ela".
Esta ação judicial soma-se a outras posições de Orbán que desafiam a unidade europeia, como a sua crítica ao apoio financeiro a Kiev, que apelidou de tentativa de ajudar "um alcoólatra enviando-lhe mais uma caixa de vodka", e a sua oposição ao uso de ativos russos congelados para financiar a Ucrânia. Orbán, que mantém uma relação próxima com o Kremlin, afirmou ainda que procura "outros meios, não legais" para dissuadir Bruxelas, consolidando a sua posição como o principal obstáculo à política de coesão do bloco face à Rússia.
Em resumoO recurso da Hungria ao Tribunal de Justiça da UE contra a proibição de gás russo representa um desafio direto à unidade e à legalidade das decisões do bloco em matéria de sanções. A ação de Viktor Orbán evidencia as profundas fissuras políticas dentro da União Europeia sobre como lidar com a Rússia, arriscando-se a minar a eficácia da estratégia de pressão económica sobre Moscovo.