A proposta, negociada com Moscovo sem a participação de Kiev ou dos parceiros europeus, é vista por Bruxelas como uma capitulação que recompensa a agressão russa. A proposta de 28 pontos, que emergiu de negociações secretas, exige concessões significativas por parte da Ucrânia, incluindo a cedência de territórios como Donetsk e Lugansk, o reconhecimento da Crimeia como russa, uma drástica redução das suas forças armadas e a renúncia à adesão à NATO. Em troca, a Ucrânia receberia garantias de segurança e um caminho para a adesão à UE.

A reação europeia foi imediata e crítica.

A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, resumiu a posição do bloco ao afirmar que “a pressão tem de estar no agressor, não na vítima; fazê-lo só vai convidar a mais agressões”. Esta perspetiva foi ecoada por outros líderes, incluindo o Presidente do Conselho Europeu, António Costa, que, juntamente com a Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, reforçou o princípio de que não deve haver “nada para a Ucrânia sem a Ucrânia”. A UE, que não foi oficialmente informada do plano, agendou reuniões de emergência para discutir uma resposta coordenada.

Líderes de Estados-membros como Portugal, Alemanha, França e Reino Unido manifestaram o seu apoio a Kiev, criticando a falta de consulta prévia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, lamentou que a proposta “deveria resultar de uma audição prévia da Ucrânia, que não foi feita”. Esta divergência transatlântica expõe uma tensão geopolítica crescente, com a Europa a defender um modelo de segurança internacional que não sacrifica a soberania de um Estado agredido em nome de uma paz precária.